Possíveis Defeitos no Vidro Temperado e o que Diz a Norma
O vidro temperado é amplamente reconhecido por sua resistência, tanto a variações térmicas quanto a impactos mecânicos. No entanto, falhas no processo de têmpera podem comprometer sua qualidade, resultando em problemas como manchas, ondulações e até quebras espontâneas. A seguir, exploramos os possíveis defeitos do vidro temperado e as tolerâncias estabelecidas pela norma técnica ABNT NBR 14.698 – Vidro Temperado.
Processo de Têmpera:
Aumentando a Resistência do Vidro
A têmpera é um processo de tratamento térmico que visa aumentar a resistência do vidro. O vidro é aquecido a altas temperaturas e depois rapidamente resfriado com ar de alta pressão, criando tensões internas que elevam sua resistência a choques mecânicos e variações térmicas.
Durante o resfriamento, a superfície do vidro se comprime, enquanto o interior, ainda quente, tenta se expandir, gerando uma força de compressão que aumenta a resistência à flexão e ao calor. Esse procedimento, quando bem executado, torna o vidro temperado cinco vezes mais resistente que o vidro comum de mesma espessura.
Quebras Espontâneas: O Papel do Sulfeto de Níquel
Apesar de sua resistência, o vidro temperado pode sofrer quebras espontâneas. Um dos motivos principais é a presença de inclusões de sulfeto de níquel (NiS) na composição do vidro float. Essas partículas microscópicas não são detectáveis durante o processo de fabricação, e, quando expostas ao calor, como a luz solar, podem provocar microfissuras no vidro. Se essas fissuras atingirem a camada de tensão do vidro temperado, a liberação de energia pode causar sua quebra espontânea.
Para mitigar esse risco, recomenda-se o Heat Soak Test (HST), um tratamento térmico adicional que elimina vidros com risco de quebra por inclusões de sulfeto de níquel. Esse teste já é amplamente adotado em projetos internacionais e pode ser solicitado no momento da compra.
Resistência a Choques Térmicos
O vidro temperado, quando fabricado corretamente, suporta variações térmicas de até 200°C. Testes de laboratório mostram que o material pode resistir a choques térmicos ainda maiores, como variações de mais de 230°C, sem estourar. Isso o torna ideal para aplicações em ambientes que enfrentam mudanças bruscas de temperatura.
Fragilidade das Bordas e Cantos
Os cantos e bordas são os pontos mais frágeis do vidro temperado. Quando essas áreas são danificadas, as trincas podem se propagar para a zona de compressão, fazendo o vidro se fragmentar por inteiro. Defeitos na borda, muitas vezes causados durante o processamento ou instalação, aumentam o risco de quebra. Para evitar esse problema, a norma NBR 7199 define cuidados específicos no manuseio e instalação do vidro temperado.
Defeitos Comuns no Vidro Temperado
Os defeitos mais frequentes no vidro temperado incluem:
- Manchas e Ondulações: Causadas por falhas no controle de temperatura ou tempo excessivo no forno durante a têmpera. Ondulações também podem ser resultantes de roletes do forno desalinhados ou sujos.
- Empenamento: Falha no aquecimento ou resfriamento adequado do vidro.
- Manchas Brancas: Podem ocorrer quando o perfil de aquecimento está inadequado.
- Bolhas de Ar: A norma ABNT NBR 14.698 permite a presença de pequenas bolhas de ar, desde que sejam inferiores a 3mm e não haja outras imperfeições no mesmo metro quadrado.
Anisotropia: Um Fenômeno Óptico
A anisotropia é um fenômeno óptico inerente ao vidro temperado, resultante do processo de têmpera. Ela se manifesta como manchas coloridas quando o vidro é visto sob luz polarizada. Embora não seja considerada um defeito de fabricação, a anisotropia pode ser atenuada com ajustes no resfriamento do vidro, mas nunca completamente eliminada.
Inspeção e Controle de Qualidade
Para garantir a qualidade do vidro temperado, é essencial escolher fornecedores certificados, como os aprovados pelo INMETRO, e realizar uma inspeção visual no momento do recebimento. Defeitos visíveis, como manchas e bolhas, devem ser verificados antes da instalação, evitando custos adicionais com mão de obra e insumos.
Além disso, o manuseio e instalação correta, conforme orientações da ABNT NBR 7199, ajudam a prevenir danos ao vidro e garantem que ele mantenha suas propriedades de resistência.
Fonte: vidroimpresso